terça-feira, 31 de julho de 2007
Menor aprendiz
Nos idos de 1970, muitos meninos de minha geração trabalhávamos pela manhã, ou à tarde, no serviço de arrumar caixas de madeira utilizadas no transporte de goiaba ou tomate das fábricas Peixe e Paoletti. Os pregadores de caixa, com idades em torno de 10 anos, garantiam bem cedo uns trocados para comprar uns doces nos armazéns da dona Concheta, do Abílio Panosso ou do Ramalho, e ainda ajudavam no orçamento familiar. Foi assim com tantos engraxates e sorveteiros, além de inúmeros aprendizes em oficinas, lojas, padarias, farmácias e marcenarias. Nada que pudesse comprometer o aprendizado escolar ou colocar em risco a integridade física das crianças e o santo direito ao lazer. Aí, alguém confundiu menor aprendiz com trabalho infantil e bagunçou o meu país. Hoje, os nossos dirigentes acreditam que os jovens que passam horas e horas com o bundão atolado no sofá terão gosto pelo trabalho depois de dezoito anos perdidos em frente à TV, jogando vídeo game ou se especializando em sessão da tarde. Lógico que existem os exageros, as crianças exploradas em carvoarias, nas casas de farinha, nas lavouras e no corte de cana. Esse tipo de exploração é que deve ser combatido e eliminado. O que não pode é um estatuto, que diz ser de defesa da criança, confundir focinho de porco com tomada e esculhambar o santo trabalho de menores aprendizes.
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