Algumas dores momentâneas nos libertam de dores futuras. Muita gente reclama da dor que está sentindo. Mas, vai sofrer muito mais se não passar pela dor que liberta. É o caso da extração de um dente, é o caso da extração de um tumor ou da amputação de um pé. Aquela dor momentânea vai libertar a pessoa de dor permanente ou de dores piores no futuro. Existe, portanto, uma dor que liberta. E este conceito teológico da dor que liberta, entra na mística da cruz; que é também uma passagem, uma dor que liberta.
O ser humano não nasceu para viver crucificado; em nenhum momento da sua vida, é chamado ao martírio sem sentido. Toda a dor sofrida tem um sentido. É uma questão de saber o sentido daquela falta de um braço, daquele pé mais curto ou daquele defeito naquela parte do corpo. Uma vez que aprendemos a viver com ele, descobrimos que nem por isso, somos menos gente. Uma flor cuja haste se quebrou, continua uma flor. Uma águia cuja asa se quebrou, continua uma águia mesmo se não consegue mais voar como as outras águias, mas ela não vira uma cobra. Um passarinho que não canta mais continua passarinho, não virou um cachorro. Na sua essência, mesmo não cantando, não voando, a ave continua ela mesma. E a flor mesmo machucada, continua perfumada e flor e tem sua beleza.
Quando damos importância excessiva à estética, esquecemos a ética. E é a ética que nos faz ser bonitos. Porque a estética sem ética perde o seu sentido. Nenhuma beleza é digna de contemplação se não estiver acompanhada da estética junto à ética. É o porquê da beleza que torna a beleza importante, e não ela em sim mesma. É o porquê da dor que torna a dor compreensiva e compreensível, e não a dor em si mesma. Para nós a cruz é loucura só para quem não crê; para quem crê, ela é - e pode ser - libertação. Foi Jesus quem disse que quando fosse elevado da Terra, atrairia todos a Ele. E disse mais: “Quem não tomar a sua cruz e não me acompanhar, não vai ser digno de mim”. (Padre Zezinho - SCJ)
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