terça-feira, 31 de julho de 2007

Menor aprendiz

Nos idos de 1970, muitos meninos de minha geração trabalhávamos pela manhã, ou à tarde, no serviço de arrumar caixas de madeira utilizadas no transporte de goiaba ou tomate das fábricas Peixe e Paoletti. Os pregadores de caixa, com idades em torno de 10 anos, garantiam bem cedo uns trocados para comprar uns doces nos armazéns da dona Concheta, do Abílio Panosso ou do Ramalho, e ainda ajudavam no orçamento familiar. Foi assim com tantos engraxates e sorveteiros, além de inúmeros aprendizes em oficinas, lojas, padarias, farmácias e marcenarias. Nada que pudesse comprometer o aprendizado escolar ou colocar em risco a integridade física das crianças e o santo direito ao lazer. Aí, alguém confundiu menor aprendiz com trabalho infantil e bagunçou o meu país. Hoje, os nossos dirigentes acreditam que os jovens que passam horas e horas com o bundão atolado no sofá terão gosto pelo trabalho depois de dezoito anos perdidos em frente à TV, jogando vídeo game ou se especializando em sessão da tarde. Lógico que existem os exageros, as crianças exploradas em carvoarias, nas casas de farinha, nas lavouras e no corte de cana. Esse tipo de exploração é que deve ser combatido e eliminado. O que não pode é um estatuto, que diz ser de defesa da criança, confundir focinho de porco com tomada e esculhambar o santo trabalho de menores aprendizes.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Tragédias e vida

Difícil não pensar na família e nos amigos após tragédias como a do novo acidente com avião da TAM, na terça-feira (17), em que dezenas de vidas foram ceifadas num piscar de olhos. Impossível não acordar para este momento secular que Deus nos concede em uma de suas infindáveis obras-primas, nesse pequeno planeta de nome Terra – melhor seria chamá-lo de ‘Água’, por causa do maior volume desta em comparação com aquela. A simplicidade de uma pequena flor, muito mais linda e graciosa que a mais famosa musa das passarelas, por vezes não nos chama à atenção. O espetáculo o astro-rei passa despercebido pela maioria dos filhos do Criador, todo santo dia. Deus não pára de trabalhar um só dia e a cada milionésimo de segundo nos presenteia com pássaros e aves multicores, animais de beleza ímpar, flores, plantas e gente, pessoas de muitas cores, de diferentes sonhos e comportamentos distintos. Tudo obra e graça do maravilhoso Deus. Perdoe-me, Senhor, por dedicar tantos cuidados com vaidades e cultos efêmeros. Dai-me a Graça de ser fiel, de ser mais pai, mais filho, mais esposo, mais amigo. Que até o farfalhar das folhas mortas me faça lembrar que somos todos frutos da Tua mão. Transforma-me, dá-me um novo coração.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Fotossíntese

O programa Planeta Terra, da TV Cultura, mostrou interessante reportagem na terça-feira (10), sobre o grande número de animais ainda desconhecidos no fundo do mar em profundidades superiores a 200 metros. Em meio àquela incrível biodiversidade, o que mais me chamou atenção foi a beleza dos peixes e animais marinhos alcançados pelos raios do sol. Até onde alcança a fotossíntese, no limite de cerca de 150 metros de profundidade, salta aos olhos a multiplicidade das espécies multicores em variadas formas de encanto e beleza. A partir daí, quanto mais fundo se mergulha, menor é a intensidade dos organismos marinhos e duvidosa é a beleza das algas, peixes e corais; nem de perto lembram o colorido e a graça dos habitantes de profundidades atingidas pelos raios do astro-rei. Assim é a nossa vida. Ao redor da Luz, próximos das coisas do alto, criação e criaturas são muito mais belos, mais saudáveis, mais felizes. Longe daí, na escuridão, também se vive. A diferença é que os prazeres são efêmeros e a alegria não tem o mesmo sabor. Eu estive lá e pude ver homens e mulheres nessa busca estúpida e suicida. Longe da Luz, na escuridão, não tem Graça. Escuridão? Tô fora!

sábado, 7 de julho de 2007

A força do perdão

Aprendemos com o padre Zezinho que ninguém deve dormir sem pedir ou sem dar seu perdão, que o perdão é essencial em tudo na vida. Mas como perdoar a traição do cônjuge, um dos maiores dramas sentimentais e talvez o que mais provoca dor ao ser humano? A traição é devastadora. Destrói o relacionamento e também a auto-estima do traído. Além da dor, muitas vezes insuportável, a traição nos obriga a tomar decisões que não estavam em nossos planos. Até mesmo José teve dificuldade para lidar com a situação frente a uma possível traição de Maria; ele não sabia que a gravidez era ação do Espírito Santo, mas teve prudência e não acusou a companheira. Nem todos têm o mesmo discernimento, na verdade, o mundo não consegue entender o que se deu em Nazaré. Tive muitos amigos que vivenciaram dessa dor e nem sempre souberam ou conseguiram perdoar. A gente não foi preparada para enfrentar desafios desse tipo. Padre Zezinho ensina, de novo, que “irmãos que não se perdoam se sentem mal em casa dos pais. Pais que não perdoam acabam sem carinho dos netos. Quem não perdoa não deve formar família. Vai fazer alguém infeliz. Casamento é para pessoas sadias de alma”, afirma. Uma amiga me disse, no entanto: “Não consigo acreditar numa relação sadia depois de um ato como esse”. É, parece que a gente tem alma ruim. Tomara que a vida não nos doa!

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Luzes que se curvam

‘Quando a luz, que por muitos anos brilhou no seu coração já não brilha ou apenas bruxuleia, quando os ventos que sopram de fora ameaçam apagar a luz que você carrega, é hora de curvar-se, proteger-se, inclinar-se humildemente na direção de quem tem a luz que você perdeu. Velas se reacendem! Mas precisam aprender a curvar-se!’ (Padre Zezinho – scj)