quarta-feira, 27 de junho de 2007

Anjo de resgate

Tinha lá meus 14 anos quando a palavra Jesus passou a fazer parte do meu dia-a-dia. Lógico, eu já tinha ouvido falar dEle em casa, na Primeira Comunhão, aqui ou ali, mas nunca tão intensamente como a partir daquele dia em que o amigo Roberto Iório me convidou para fazer parte do Coral JUC (Jovens Unidos a Cristo). Lembro da primeira Missa, o primeiro encontro, a primeira lágrima. De repente, o Amor Maior lançava semente em meu coração; amor intenso, sem limites, desinteressado. A plantinha brotava e parecia crescer forte e viçosa com aquela rega diária: Grupo de Sábado, Mariápolis, Chiara Lubic, Jonas Abib, pai Zezo, padre João, padre Zezinho, José de Matos, Maria Clara, Irmão Sol, irmã Lua, e tantos anjos de Deus que era impossível não ser bom, desejar o bem, fazer o bem. Tenho saudade daquele Edson. Mas houve um tempo em que o encardido visitou minha seara. Como um ladrão, aproveitou um descuido da sentinela e lançou sementes de orgulho, vaidade e poder. O rádio, a fama, a política; eu não estava preparado. Na aridez que se formou, o ódio aflorou com vigor e lançou-me para os lamaçais da luxúria e da inveja. Tenho nojo, asco desse tempo e de suas conseqüências. Mas o Senhor é fiel! Mandou um Anjo de Resgate, de nome Priscila. Me estendeu a mão e me tomou; tirou-me das águas turvas e me conduz. Faz tempo, iniciei viagem de regresso, ainda com marcas dos descaminhos. Tenho pressa e quero chegar. Eu já conheço o Caminho.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Pílula contra o aborto


O jornalista Gilberto Dimenstein, membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo, defende a distribuição da pílula do dia seguinte pela rede pública de Saúde. O jornalista baseia sua tese em pesquisa realizada pela ginecologista Albertina Duarte, professora da USP (Universidade de São Paulo), que constatou um crescimento expressivo do consumo da chamada pílula do dia seguinte para evitar a gravidez entre os adolescentes. “Como um milhão de adolescentes engravidam por ano Brasil, a maioria delas (661 mil, para ser mais preciso) tornadas mães precoces e as demais submetidas ao trauma do aborto, vemos a importância dessa pesquisa”, disse. Na opinião de Dimenstein, “percebe-se que a adolescente, se puder, prefere postergar a gravidez e, claro, evitar o doloroso aborto. Tal tendência cresce ainda mais à medida que as jovens ficam mais tempo na escola e têm planos de futuro. Dados recentes mostram que na cidade de São Paulo o aumento da matrícula no ensino médio corresponde uma redução da taxa de gravidez precoce”. Segundo ele, “raríssimas ações poderiam custar tão pouco e gerar impactos sociais tão rápidos como facilitar o acesso a métodos anticoncepcionais, e reduziria, a curtíssimo prazo, a evasão escolar, aumentaria no médio prazo, a renda das mulheres, e, a longo, seria mais uma arma, entre várias, para combater a violência”. Dimenstein entende que “essas 661 mil mães precoces, milhares delas entre 10 a 14 anos, são parte do custo da ignorância combinado com o medo dos governos em enfrentar dogmas religiosos e a inoperância das redes públicas de saúde. Pagamos isso em mortes”. Apesar do respeito que tenho pelo colunista, ouso dizer que o tema é polêmico, mexe com dogmas de fé e carece a análise mais serena.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Perplexos e aliviados

A decisão dos ex-prefeitos Milton Nadir e Tato Nunes de não disputar as eleições municipais de 2008 continua dando o que falar na seara política da cidade. Caciques dos partidos locais saboreiam um misto de perplexidade e alívio, ao tempo que adversários juramentados perderam o rumo do debate. A quem agredir, desmerecer, criticar, enxovalhar ou esculhambar nos palanques da vida? O que fazer com os arsenais arregimentados nas encruzilhadas do poder? Passado o decision day, qual armamento levar para o front de batalha? Perplexos e aliviados, muitos não sabem se casam ou se compram uma lambreta. Súditos do castelo imperial entendem que “agora não tem pra ninguém”, que “é macuco no embornal”. Devagar com andor que o santo é de barro, diria vovó Alvarina. Cautela e caldo de galinha não fazem mal à ninguém, receitaria vovô Benedito.
A decisão serena de Milton e Tato – ambos alegaram compromissos com a família e empresas ao tirar os times de campo – abre vaga para novas lideranças. Falando nisso, o que tem de neguinho, branquinho também, se arvorando no direito de assumir tal “encargo” não tá no gibi. Gente, inclusive, que não tem o menor desconfiômetro. Fazer o quê? Todo mundo tem direito de querer ser isso ou aquilo. Serão, se as convenções indicarem e as urnas ratificarem, obviamente. Mas tem muita gente boa a merecer sentar por quatro anos na cadeira do reino. O tempo dirá. Façam suas apostas senhores.


fonte: Tribuna (08/06/2007)



Como folha de bananeira

Dizem que os brasileiros, e em especial os mais jovens, são como folha de bananeira: vão pro lado que o vento leva. O estilistas dizem que os jovens têm de comprar calças rasgadas, que é a última moda, e a moçada compra coisa velha por preço de nova. Aí, as empresas lançam o TV tela plana, de 50 ou 70 polegadas e sua fica com cara de velha de tanta propaganda. Para não ficar na contramão da estória, lá vai você atrás dos financiamentos ou carnês das Casas Bahia, fazer dívidas e mais dívidas, a trabalhar mais e mais para conseguir pagar tais dívidas. O resultado é o estresse da vida moderna, cabeças confusas tal qual birutas de aeroporto. E porque trabalha muito, não tem tempo para a família, para a conversa amiga, para o lazer. É isso aí. Somos cobaias nas mãos dos lobistas. A gente ouve no rádio ou na TV, lê nas revistas e nos jornais, ouve o vizinho falar e engole como certo, como verdadeiro, como o único caminho. E faz tempo que é assim! A gente ouve há muito que “batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão”. A batata, como sabemos, é uma raiz, e assim, quando nasce, não tem como se esparramar para lugar algum. O correto, seria dizer que a “batatinha quando nasce, espalha ramas pelo chão”. Mas fazer o quê? É nossa vocação achar que tá tudo certo, tudo é verdadeiro, porque deu naquele canal de TV, ouviu no programa de rádio, leu na revista...

fonte: Tribuna (01/06/07)